Brasil: da descoberta ao século XXI.

Brasil: terra de encanto e beleza
Dos descobrimentos à independência:
Com o aparecimento da burguesia mercantil na Europa, inicia-se uma nova era, marcada pelas grandes navegações, entre os séculos XV e XVI. Procurando benefícios comerciais nas Índias e tentando descobrir novas terras, vários exploradores lançam-se através do Oceano Atlântico e em 1500 a frota de Pedro Álvares Cabral encontra uma terra até então desconhecida: o Brasil.
Chamada de Pindorama, a terra era habitada por indígenas que viviam em casa de madeira ou palha e desconheciam os metais, utilizando utensílios de pedra, madeira ou barro. As sociedades eram matriarcais e não praticavam a agricultura, vivendo-se da caça, pesca e dos produtos da floresta. Comandados espiritualmente pelo pajé, o curandeiro da tribo, idolatravam o Sol, a Lua e os rios. Actualmente, no Brasil vivem ainda mais de 250 grupos indígenas em reservas protegidas, das quais se destaca a do Parque Natural do Xingú.
A chegada dos portugueses inicia a História do país, originalmente chamado Terra de Santa Cruz, depois Ilha de Vera Cruz. O actual nome tem origem na árvore nativa pau-brasil, uma das primeiras riquezas naturais do Brasil a ser aproveitada.
Desde início o território foi motivo de tentativas de invasão por parte de franceses, holandeses e espanhóis, o que levou os portugueses a criar, em vários pontos do litoral, o sistema de capitanias hereditárias, iniciado em 1530, quando o território foi dividido em 15 partes e doado a membros eminentes da Corte. Inicia-se então a colonização sistemática do território, sendo fundada a primeira vila brasileira, São Vicente, por Martim Afonso de Sousa.
Posteriormente, com o fracasso das capitanias, instituiu-se o governo-geral, com capital em São Salvador da Baía, cidade fundada pelo primeiro governador-geral, Tomé de Sousa. É nessa altura que se inicia a criação de gado e a plantação da cana-de-açucar, actividade que, através de grandes latifúndios, será a principal fonte de riqueza do Brasil, após a segunda metade do século XVI, com a utilização de mão-de-obra escrava trazida de África.
O período em que Portugal esteve sob o domínio espanhol marcou o Brasil pelos sucessivos ataques de ingleses e holandeses, tradicionais inimigos de Espanha, chegando a Holanda a ter o controlo de vastos territórios e várias cidades, situação que só termina com a Restauração, tornando-se o Brasil, de novo, uma colónia portuguesa.
Com o desbravamento do interior do território pelos bandeirantes paulistas em busca de ouro, inicia-se uma nova fase, durante o século XVII. Também, nessa altura, os missionários jesuítas desenvolveram uma forte acção evangelizadora no Vale do Amazonas.
No final do século, a descoberta de jazidas de ouro na actual região de Minas Gerais atraiu milhares de portugueses ao território e alguns anos depois, com a descoberta de diamantes, o Brasil acelerou fortemente a sua expansão económica, assim com alargou os seus territórios.
Com a primeira invasão napoleónica (1807), a família real portuguesa desloca-se para o Brasil, que é elevado a reino, unido ao de Portugal e Algarves, sendo a capital transferida de Salvador para o Rio de Janeiro.
O rei D. João VI decreta uma série de reformas, nomeadamente a chamada Abertura dos Portos e a lei que permite a posse de terras por parte de estrangeiros, cujo objectivo é facilitar a ocupação do Sul, mais frágil à entrada de invasores. Estas medidas beneficiaram a agricultura e a indústria, assim como contribuíram para a criação de escolas de ensino superior. Construíram-se estradas, belos palacetes, bibliotecas e escolas. A vida cultural fervilhava, sobretudo no Rio de Janeiro, que ganhava importância na vida do país.
Começa a formar-se uma consciência nacional, aparecendo vários movimentos contra a permanência de Portugal no território, como o liderado pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier, o famoso Tiradentes, que abriram caminho para a independência. Com o regresse a Portugal, em 1821, D. João VI designa como príncipe regente o seu filho D. Pedro. Um ano depois o príncipe proclama a independência do Brasil, tornando-se seu imperador.
Neste período define-se a consciência nacional. D. Pedro I começa a perder o apoio popular, o que o leva a abdicar a favor do seu filho, D. Pedro II, que na época tinha apenas cinco anos, o que obrigou ao governo por regências, marcado por várias revoltas. Aos 15 anos do príncipe é proclamada a sua maioridade pelo Parlamento brasileiro. Durante o seu reinado a população e a economia expandiram-se como nunca. Cresceu a produção cafeeira, dando origem aos "barões do café". Fundaram-se cidades em pontos das rotas comerciais e surgiu então o ciclo da borracha, que promoveu o povoamento das margens dos rios amazónicos. Foi abolida a escravatura (1888), sem indemnização para os proprietários de escravos, o que levou esta classe a retirar o seu apoio ao imperador.
A vinda de emigrantes foi estimulada, tendo como objectivo a substituição da mão-de-obra escrava, sobretudo na agricultura e na construção de linhas ferroviárias, desenvolvendo-se assim o trabalho assalariado. Com o golpe militar de 1889, o Brasil transforma-se então num regime republicano. Os primeiros anos do novo país foram marcados pela turbulência política, consequência natural de uma nação sem tradição democrática. Cresce a importância do café e da borracha na economia, razão pela qual a grande queda do preço do café no mercado mundial, no início do século XX, dá origem a uma grave crise no país.
Com o eclodir da Iª Guerra Mundial aumenta a participação do Brasil nos mercados mundiais de café, borracha e açucar, aliviando a crise económica do país. De início com uma posição neutral na guerra, posteriormente o Brasil coloca-se ao lado dos Aliados, contribuindo com a participação de unidades navais em zonas de conflito e com a oferta de alimentos e matérias-primas.
A época dos generais:
Com a revolução de 1930, uma junta militar toma o controlo, subindo ao poder Getúlio Vargas, com um governo ditatorial oficialmente chamado Estado Novo, que estará à frente do país até 1945, quando é deposto por um golpe militar. Durante este período as relações trabalhistas passam a ter normas, o salário mínimo é fixado, criam-se vários instrumentos de política educacional e cultural, como por exemplo o património histórico e redes hospitalares.
A partir de 1942, o Brasil participa na IIª Guerra Mundial ao lado dos aliados. São construídas bases navais e aéreas no litoral e a Marinha brasileira assume o controlo do Atlântico Sul e, dois anos depois, a chamada Força Expedicionária Brasileira participa na campanha aliada em Itália. No pós-guerra, e sob a influência dos Estados Unidos, o país reorganiza-se com a criação de novos partidos e sindicatos.
Após a queda do regime de Getúlio Vargas, é eleito o marechal Gaspar Dutra, que fez aprovar uma nova Constituição (1946), dando início à IIIª República. Quatro anos mais tarde, Getúlio Vargas volta ao Poder como presidente constituicional. Com uma política de nacionalizações que acentuaram os problemas económicos do país, vítima de fortes ataques por parte das forças políticas e sociais, suicida-se, em 1954, deixando uma carta-testamento na qual responsabiliza alguns grupos internos pela crise que o impedia de governar. Foi substituído pelo então vice-presidente, José Café Filho.
Com o Governo de Juscelino Kubitschek (1956-61) dão-se grandes reformas que conduzem à modernização do país, simbolizada pela construção de Brasília, no Planalto Central, a qual, inaugurada em 1960, se tornou a capital do país.
Depois de Kubitschek é eleito presidente Jânio Quadros, que alguns meses depois renuncia, ocupando o seu lugar o vice-presidente João Belchior Marques Goulart. Fruto de uma política económica que agravou a inflação brasileira, em conjunto com graves problemas sociais e políticos, dá-se um novo golpe militar. O Alto Comando Revolucionário designa para a Presidência o general Humberto de Alencar Castello Branco, sendo instaurado um regime ditatorial que durará cerca de 20 anos. Os cinco presidentes após o golpe são todos chefes militares, razão pela qual esta ditadura ficou conhecida como "época dos generais".
Durante esta fase foi imposta a censura e grande parte da oposição é suprimida por meios que incluem a tortura. A repressão chega inclusivamente à própria Igreja. Nas eleições de 1974, a oposição ganha lugares na Assembleia e nessa época dá-se um certo abrandamento na censura.
A crise e a democracia:
No domínio económico-financeiro, os sucessivos governos militares puseram em prática uma política monetarista cujos efeitos se fizeram sentir de uma forma aguda no início dos anos oitenta. A advertência representada pela crise internacional do petróleo não foi tida em consideração. O país endividou-se numa escala alarmante e a economia viu-se cada vez mais submetida ao controlo das empresas transnacionais e dos bancos estrangeiros.
Tornaram-se cada vez mais graves a crise energética e o défice da balança comercial. A inflação atingiu um dos níveis mais elevados do mundo e agravaram-se ainda mais as desigualdades sociais. Devido ao enorme descontentamento popular, as eleições de 1982 resultaram num triunfo da oposição. Na totalidade dos votos, a oposição obteve uma vantagem considerável, que só não pôde manifestar-se em toda a sua amplitude devido aos artifícios da lei eleitoral.
Enormes manifestações - as maiores que o Brasil conheceu desde sempre - surgiram em 1984, em apoio de uma emenda constitucional, visando o restabelecimento imediato do sufrágio universal directo, pretensão que é derrotada no Congresso, dominado pelos partidos do governo militar.
Um ano depois, o Colégio Eleitoral põe fim a mais de 20 anos de autoritarismo, designando Tancredo Neves presidente da República Federativa do Brasil. No entanto, este viria a falecer antes da sua investidura, após uma prolongada agonia que lançou no desespero milhões de brasileiros. Sucedeu-lhe José Sarney. Foi o regresso do país à vida democrática.
Sarney elaborou um projecto de reformas agrária e anunciou que desejava negociar politicamente a dívida externa. No campo político legalizou os partidos comunistas e outras organizações de Esquerda, algumas delas proscritas há 20 ou mesmo 40 anos da vida política oficial. Em 1986 lançou um plano de estabilização da economia, o Plano Cruzado, que representou a maior viragem económica na história recente do país.
Nas primeiras eleições presidenciais por sufrágio directo e universal em duas voltas, foi eleito Fernando Collor de Melo. Na tentativa de contornar os problemas financeiros herdados do governo anterior, a equipa económica do novo presidente elaborou uma série de medidas, que constituíram o "Plano Collor", o mais drástico de todos os planos até aí impostos ao país.
Muito impopular, o Plano provocou mudanças substanciais em diversas áreas, precipitando o país na maior recessão da sua história. Posteriormente, Collor, acusado de corrupção, foi impugnado e renunciou ao seu mandato, tendo sido substituído pelo vice-presidente Itamar Franco.
O governo de Itamar Franco assentou em três pontos básicos: recuperação do emprego, combate à recessão e queda dos juros. É elaborado pela equipa do então ministro da Economia e futuro presidente, Fernando Henrique Cardoso, um programa de combate à inflação no sentido de reestruturar a economia do país e reduzir a dívida externa; uma das medidas foi a criação de uma nova moeda, o real. Ao ser eleito presidente, Fernando Henrique Cardoso obteve a mais alta taxa de popularidade de um presidente desde 1945.
O Plano Real entra em vigor em 1994. Pela primeira vez surge um plano económico devidamente estruturado e que desde logo ganha a credibilidade da população. Dado que o Plano foi aprovado ainda durante o governo de Itamar Franco, os dois políticos passaram a disputar a "paternidade" do documento.
Pressionado pela oscilação das Bolsas de Valores, nomeadamente na Ásia, e respectivo efeito por arrastamento, o presidente é obrigado a decretar, em 1997, um pacote económico que penaliza sobretudo a classe média. Foram tomadas medidas de natureza fiscal, com corte de despesas e investimentos públicos, demissão de funcionários públicos e aumento de impostos. Como consequência sobreveio a ameaça da recessão e do desemprego.
A partir de 2000/01, o Governo de Fernando Henrique Cardoso passa a estar sob forte pressão, devido aos sucessivos escândalos de corrupção que afectaram vários elementos da sua equipa, o que ditou, inclusive, o afastamento de alguns dos seus ministros.
Em 2002, volta a haver sufrágio no Brasil e, desta vez Luiz Inácio Lula da Silva vence as eleições, tornando-se presidente desde 1 de Janeiro de 2003. Lula volta a ser reeleito na segunda volta das eleições de 2006 com mais de 58 milhões de votos.
Ambiente: paisagens de sonho
Para quem não acredita que existe o paraíso na Terra, é necessário ir ao Brasil. As suas paisagens são de rara beleza, verdadeiros tesouros para os amantes da natureza. Em qualquer canto do gigantesco território brasileiro assiste-se ao espectáculo oferecido pela mãe-natureza.
Apesar das ameaças, de desastres ecológicos como as grandes queimadas na Amazónia, a diversidade da fauna e flora do Brasil é extraordinária, estando considerado um dos países com maior número de espécies de primatas, aves, borboletas e répteis, bem como plantas.
Mais de 45% do território brasileiro está coberto pela Amazónia, a maior floresta tropical do mundo e uma das regiões com maior biodiversidade. No entanto, as alterações ambientais a que tem estado sujeita, provocadas sobretudo pelo desflorestamento e pela poluição, ameaça essa mesma diversidade, pondo em risco o desaparecimento de várias espécies.
O Parque Nacional Jaú é o maior desta região e foi classificado Património Natural, em 2000, pela UNESCO, por ser uma amostra representativa do grande valor desta floresta.
De facto, tudo o que se refere à riqueza natural do Brasil é sempre colocado no superlativo. O mesmo se passa com o Pantanal, a zona húmida mais importante do continente americano e também classificado com Propriedade Natural.
A avifauna ali encontrada é uma das mais ricas do mundo. Vivem cerca de 600 espécies de aves, das 1580 recenseadas no Brasil. Algumas estão, exclusivamente, no Pantanal, como, por exemplo, as araras azuis. Para além destas aves, podem ser admirados tuiuiú - o símbolo do Pantanal -, japuíras, caturritas, corujas, buraqueiras, tordos, sabiás, beija-flores, piriritas, cardeais e canários da terra. De entre os animais, que vão desde a perigosa cobra, o sucuri, ao pequeno peixe, o pirambóia, o mais comum é o jacaré.
Quanto à flora, abundam as vitórias-régias, uma planta gigante. No entanto, o descanso deste espaço está ameaçado, devido à caça ilegal e ao garimpo do ouro.
Os paraísos brasileiros não se limitam às terras amazónicas e pantanosas. O Parque Nacional do Iguaçu é outro exemplar. Considerado Património Natural, o parque é coberto na sua maioria por floresta subtropical, onde abundam as palmeiras, árvores-candelabros, bromélias e orquídeas. Por entre este jardim botânico, refugiam-se inúmeras espécies de animais ameaçadas, como a anaconda, também conhecida como sucuri.
O caminho da natureza encantada do Brasil prossegue pela sReservas de Floresta Atlântica e pela Floresta Atlântica - Reservas do Sudeste, as quais são também reconhecidas pela UNESCO com Património Mundial.

1 comentário:

  1. Aff
    Muitas coisas
    Sao o que eu procuro,
    mais tem muitas coisas...

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