Ritmos de Locomoção

Ritmos de Locomoção (de movimento)

O movimento é um imperativo do animal. Ao contrário das plantas, que se mantêm imóveis, a maior parte dos animais consegue movimentar-se no ar, na água ou no solo para procurar comida ou companheiro. Sendo a locomoção um atributo básico do animal, não nos surpreende que apareça em padrões tão variados. do mesmo modo, como os animais são minúsculos em relação ao espaço em que vivem, a sua locomoção exige uma repetição de pequenos actos cíclicos em que cada um os transporta a pequenas distâncias. É a contínua repetição destes actos que dá à locomoção o seu carácter essencialmente rítmico.

Entre os ritmos da vida, os da locomoção animal são dos mais claros e evidentes. Os ritmos do movimento ocorrem rapidamente - por vezes a velocidades centenas de vezes maiores que as que o olho humano pode seguir - e são geralmente estética e intrinsecamente harmoniosos. Que haverá de mais harmonioso que o lento bater de asas dum cisne majestoso ou os saltos dum cardume de toninhas conduzindo um barco para o porto? Alguns ritmos de locomoção compreendem-se melhor do que os outros e podem explicar-se em terminologia da Física, embora representem alguns dos mais belos exemplos de adaptação funcional dos animais.
Ao longo de milhões de anos de evolução, o ritmo da locomoção foi moldado pelos padrões do desenvolvimento físico e necessidades de cada espécie. O poder da evolução também tornou os ritmos da locomoção extremamente económicos. Cada ciclo propulsivo é o mais eficiente possível e muitas vezes origina o seguinte, imbricando-se nele, de forma que a inércia do movimento corporal é aproveitada ao máximo. Os contrapesos têm um grande papel na maximização da eficiência. Assim, as patas e asas e às vezes a cauda ou até mesmo o pescoço do animal movem-se de modo particular para ajudar o seu equilíbrio ou para o fazer avançar, mantendo o centro de gravidade entre a base constituída pelos membros. Alguns ritmos aparentemente desajeitados - por exemplo, o balançar do camelo - são altamente eficientes na utilização de energia e adaptam-se perfeitamente à estrutura corporal do animal e ao seu ambiente.
Enquanto alguns animais usam o mesmo padrão de locomoção qualquer que seja a velocidade, outros alteram o passo consoante a velocidade com que se deslocam. Assim, a corrida do ser humano difere pouco do andar: o pé esquerdo segue sempre o direito e os braços balançam-se para dar equilíbrio. Pelo contrário, a simetria de movimento do passo do cavalo altera-se quando galopa. Comparando com muitos mamíferos, o ser humano tem uma forma de locomoção pouco especializada e a execução apresentada é medíocre. Mesmo assim, pode correr ou andar vários quilómetros, entrando simplesmente numa cadência e mantendo um ritmo constante. Os melhores corredores dizem que na competição o ritmo é essencial e que qualquer quebra deste, por exemplo, por pontada ou por cãimbra, pode ser desastrosa.
O ser humano consegue correr, mas certamente não pode voar. Apesar das suas máquinas voadoras se basearem na actividade mecânica rítmica dos motores, não mimetizam os padrões de voo das aves, sendo menos eficientes. Do mesmo modo, os barcos são fracos executores quando comparados com os equivalentes animais. Na transformação do ritmo do motor num ritmo rotativo do movimento aéreo ou aquático,perde-se muita energia, produzindo as formas das máquinas demasiado atrito. Quando mais compreendemos os desenhos das máquinas, tanto mais nos maravilhamos com a natureza, que tão elegantemente solucionou estes problemas há muitos milhões de anos.
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