Açores - As Ilhas Atlânticas- The Azores

As nove ilhas que formam um povo que o mar separa e une
As nove ilhas portuguesas que formam os Açores, cujo povoado começou em 1439, estão espalhadas no mesmo mar Atlântico que as separa e as une. O seu isolamento, devido ao condicionalismo geográfico, em que viveram séculos seguidos, deve-se ao facto de cada uma delas ter uma unidade etnográfica independente, com uma vida própria, que a caracteriza e distingue das restantes. Actualmente, ainda se diferenciam pelos seus costumes, aspectos de índole e de maneiras, psicologia e tipos de distinção acentuada.
Compreende-se assim a impossibilidade de em algumas linhas fazer uma síntese do que é aquele arquipélago. Por estas razões, neste artigo faz-se apenas uma abordagem sumária às ilhas que o formam.
Perante o recato, em séculos de isolamento, de Santa Maria, que lhe permitiu conservar a pureza quase medieval de algumas toadas dos foliões do Espírito Santo e as arcaicas usanças destas festas, além de um precioso filão etnográfico ainda hoje por explorar; perante certo fundo de tristeza humana que se harmoniza com o variado encanto da ilha de São Miguel, onde só a história honrosa de sobra a dignificar o esforço dos seus habitantes, que tanto rezam como trabalham, surge a pastoril e histórica ilha Terceira, onde a tradição mais se enraizou na foliona vivência da sua gente, apegada a velhos costumes regionais, desde a alacridade da sua música popular, em que se enquadra a sequência dos banhos, às típicas touradas à corda, únicas em todo o arquipélago, a mais colorida e genuína aguarela desse entusiasmo expansivo que sabem apreciar a vida.
Próximo da Terceira estão Graciosa e São Jorge.
O grande mestre Vitorino Nemésio resumiu em breve acerto, todo o arquipélago:
"No extremo Sudoeste, a pequena plataforma escalvada de Santa Maria vibra de motores de aviões; no extremo Noroeste, o Corvo persiste no seu velho sono sem história. Numa ponta do mapa, São Miguel, com a sua velha civilização concentrada e progressiva; na outra as Flores, com o seu viver patriarcal e vaqueiro. No coração do sistema, a Terceira couraça-se ainda como um velho reduto histórico, ressoante de combates e cheio de relíquias religiosas; não longe, São Jorge refecha-se numa existência arcaizada de teares e pascigos. A Graciosa conserva os seus vinhedos e as suas furnas como que à margem do mundo; o Faial antepara a muralha vulcânica do Pico com um porto-canal e uma cidadezinha, a Horta, com sua nota cosmopolita".
A festa de São Marcos patrono dos maridos enganados
Um curioso apontamento sódico das cinco ilhas mais aconchegadas, São Jorge, Faial, Pico, Flores e Corvo, onde predominou a colonização flamenga, é a festa de São Marcos, patrono dos maridos que não podem contar com a fidelidade das mulheres.
A 25 de Abril arma-se em determinada casa um altar, tendo ao alto um corno ou uma coroa de cornos com apropriada ornamentação. A Irmandade de São Marcos, que de tal festa se ocupa, é composta por homens casados, que não devem afronta a suas mulheres. Durante o dia festivo não falta quem se encarregue de chegar à rua, tentando convencer aqueles que vão em seu caminho a vir beijar o corno. Com os protestos indignados dos que não aceitam o convite, começa a galhofa.
À noite, realiza-se a procissão com a coroa levada sob um lençol em forma de pálio, em que a raspa de corno faz as vezes de incenso. Por entre berreiro ensurdecedor, vai procurando as ruas e parando diante de certas casas de seguro ou suposto motivo.
Aqui reside o maior interesse desta desusada festarola, quando as mulheres vêm à janela, em destemperado palavrório, defender a honra dos maridos e insultar os que vão no préstito.
A mais antiga e única tradição comum às ilhas, inalteravelmente mantida no seu fundo religioso desde o povoamento delas, se bem que decaída em certos aspectos da grande pompa de outrora, é a do Senhor Espírito Santo, mas que persiste no Brasil, por influência dos açorianos que para ali a levaram no século XVIII com a colonização de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. As procissões fazm parte integrante da vida dos açoreanos, mas a do Senhor Santo Cristo dos Milagres é a mais importante.
A pesca da baleia
Diante da cidade da Horta, sorridente e acolhedora, de braços abertos a que chega, está a ilha do Pico, a terceira em grandeza, com o pico que lhe dá o nome, a maior elevação portuguesa com 2351 m de altitude (uma majestade).
Esta ilha destaca-se das outras também pelo tipo robusto e audaz dos seus homens, que, numa vida árdua de quem necessita de abrir a golpes de avião a camada de basalto para obter uns parcos palcos de terra para semear o milho ou plantar a vinha, e que repartem a vida entre o campo e as ondas. Lavrador e pescador, tudo abandona ao primeiro sinal dado pelo vigia, que iça no mastro uma bandeira preta e outra branca. Isto basta para incendiar o alarme barulhento de - baleia! baleia! Acorrem as tripulações às canoas e lá vão no impulso vigoroso dos remos. Cada ida ao mar é uma epopeia. Não há melhores baleeiros do que eles...
Na ilha do Pico, um dos maiores espectáculos que qualquer turista pode presenciar é a pesca da baleia ao arpão. O modo de pesca é ainda feito ao velho estilo que nos faz lembrar o grande romance "Moby Dick".
E depois, temos ainda o vinho do Pico... Por meados do século dezanove uma doença fez definhar essa maravilha de vinho que deslumbrava os mercados de Londres, da Alemanha e da Rússia. A ele se refriu Tolstoi. Passados anos, voltou-se ao cultivo da vinha, e debelada a doença, actualmente o vinho volta aos cálices dos bons bebedores. De visita à ilha, é obrigatório bebe-lo.
Este é um breve resumo do que à primeira vista se pode descobrir nestas ilhas encantadas. Mas os Açores são ainda um mundo à descoberta, e o arquipélago das nove ilhas tem muito mais para revelar.
O traje regional
Saliente-se o facto de nunca os Açores terem conseguido um traje próprio, resguardado por um isolamento tão forte, apesar da evidência da sua evolução, que até há pouco mais de meio século, em Saõ Miguel, a ilha maior e mais progressiva, por dificuldades de transportes, houvesse quem moresse de velho, sem nunca dela ter saído, sem ter vindo à cidade e - por mais incrível que possa parecer - sem "nunca ter visto o mar". No entanto há peças de vestuário que merecem bem ser lembradas.
Da carapuça micaelense, com uma pala em meia lua e o rabuço, pano que descia pela nuca até aos ombros, abotoados sob o queixo "que não tinha similar em outra qualquer cobertura de cabeça usada no mundo" e que com ligeiras diferenças de forma se manteve em todas as ilhas com excepção da Graciosa. Porém, a maior curiosidade é a dos coletes ornamentados nas costas com âncoras e galeões, cantigas amorosas, umas de cada lado da alheta "balhando", tudo a ponto de marca vermelho, azul e amarelo.
Nas mulheres, o xaile e o lenço tornou-se comum em todas as ilhas.
The Azores
The Azores, a group of Portuguese islands in the middle of the Atlantic, keep, due to its isolation from the mainland and from each other, many traditional ways that have been lost elsewhere. They are also a rugged and exquisite land where a volcanic landscape intermingles with mediterranean flora. It is also the cradle of the last fishermen going after whales Moby Dick-Style, with hand-propelled harpoons...
This paradise lost may now be reached by plane from both Europe and North America for it is served by several major airlines.
Les Azores
Les Azores est un archipel portugais qui est situé dans le milieu de la artie Nord de l'Atlantique. En raison de l'isolation à laquelle ces iles ont étè forcés, les moeurs et le folklore n'ont que trés peu changé au cours du temps.
Le paysage quelque fois fortement escarpé, est d'une beauté esquise, la flore mediterranéene joignant en harmonie la terre volcanique.
Lá, ou rencontre les derniers vestiges au monde de la pêche à la balein telle qu'elle fût pratiquée au debuts de ce qui devient une industrie au milieu du dernier siécle. Les hommes rament en quête de la baleine et lancet l'arpon aux-mêmes selon la façon décrite dans le roman de Moby Dick.
Ce paradis perdu est à quelques heurs de vol de l'Europe ou de l'Amérique du Nord, étant servi régulierement par plusieurs compagnies internationales d'aviation.

1 comentário:

  1. Sou péssima em geografia.
    Sempre acreditei ser Açores uma ilha, porém é um Arquipélago composto de nove ilhas.
    Ótima matéria, parabéns!

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