Costa do Estoril (Cascais-Sintra) - Portugal

A Terra
Dotada de um microclima de características mediterrânicas, a Costa do Estoril tem Invernos suaves e, nela, o Verão nunca é escaldante: o Outono, extraordinariamente agradável transforma-se numa segunda Primavera. Para quem, de Lisboa, se dirija à Costa do Estoril, a paisagem ribeirinha é de um encanto sem par. Depois da azáfama portuária de Santos e Alcântara (Lisboa), descobre Belém com o seu Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, jóias preciosas do estilo manuelino: Algés e Pedrouços lembram, com os seus palacetes e casas do início do século XX, os primórdios do hábito de ir a banhos. São, mais adiante, as praias de Santo Amaro de Oeiras, Carcavelos, Parede e o Estoril.
O Estoril
Fig. 1 - Mapa da vila do Estoril
Estância balnear de renome internacional, o Estoril alia a beleza da paisagem ao equilíbrio e sobriedade de uma típica arquitectura apalaçada a espreitar por dentro da vegetação. Vale a pena passear-se calmamente, a pé, por ali e pelo Monte Estoril; a cada momento, uma jóia arquitectónica nos prende a atenção e nos seduz. No parque fronteiro ao Casino - vistosa e acolhedora sala de visitas - os canteiros bem tratados, de variadas cores, alinham-se aos pés de solenes palmeiras tropicais ...
Fig. 2 - O turismo : Quinta da Marinha (Cascais).
Por isso, e sem perder estas características sem par, o Estoril, dotado da mais ampla rede de infra-estruturas destinadas a acolher o visitante: restaurantes, hotéis, estalagens, o Casino, espera por si.
Fig. 3 - O Casino do Estoril - um dos maiores da Europa.
As praias
Na sequência do estuário do Tejo, voltadas a sul, as praias da Costa do Estoril são de mar calmo e de fina areia. Dispõem todas elas das mais modernas estruturas de apoio aos banhistas, balneários, bares, restaurantes, quiosques, barracas de lona, chapéus de sol ... Carcavelos ampla e larga, é das mais procuradas, designadamente para a prática de surf. Parede possui um microclima famoso, excepcionalmente rico em iodo que a torna adequada ao tratamento de doenças ósseas: aliás, nesta localidade se situam dois dos melhores hospitais ortopédicos da Europa. A praia do Tamariz, no Estoril, tem banhistas praticamente o ano inteiro. As praias de Cascais - ligadas às tradições piscatórias da vila - recordam, pelos seus nomes (da Marquesa, da Rainha ... ) os tempos em que a vila era predominantemente "terra de reis e de pescadores". Reis de Portugal e reis de fora, que escolheram Cascais para deliciosa pátria de exílio.
Fig. 4 - Retrato da antiga vila de Cascais.
Cascais assumiu papel de relevo durante as invasões napoleónicas: é na vila que Junot, o comandante da 1 ª invasão, se instala: em Cascais assina, forçado, a sua rendição (1808). É da Cidadela que parte, em 1810, para a batalha do Buçaco - decisiva para a queda de Napoleão - o Regimento 19 de Infantaria, sob a protecção de S. António, cuja imagem se venera ainda hoje na Cidadela.
E quando, no último quartel do séc. XIX, se instala entre nós - como um pouco por toda a Europa - o hábito de ir a banhos., será Cascais a estância balnear preferida pela Família Real, nomeadamente devido à suavidade do seu Outono. Acompanham-se de perto os nobres, os burgueses com pretensões de nobreza ... Cascais assume foros cosmopolitas, a vila adorna-se de um revivalismo que a enfeita de palacetes, e enche de azulejos, arte nova. É o tempo das crónicas mundanas que deliciam os lisboetas, da primeira iluminação eléctrica, do primeiro telefone, .. Cascais - e, com ele, o Monte Estoril bem ao jeito da Riviera francesa – guinda-se a capital do turismo português. O nome do Estoril é a partir dos anos trinta, palavra-chave da propaganda turística além fronteiras. Foi, primeiro, Costa do Sol - numa homenagem ao calor diário do astro-rei. É agora, com igual propriedade, a Costa do Estoril! Novas estruturas se criam para satisfazer as crescentes necessidades de quem a visita. No entanto, ao contrário de muitas estâncias balneares, Cascais vive todo o ano: a sua população reclama - e tem - uma vida própria, deliberadamente alheia a fluxos turísticos. Isso constitui, decerto, um dos seus mais secretos fascínios.
Guia para uma visita
Permita-me uma sugestão: o que de mais há de encantador na Costa do Estoril é a sua paisagem - esta sucessão de colinas, aqui e além vestidas .de pinheiros e casario, descendo até ao mar. E para além da casa esteriotipada o visitante ficará agradavelmente impressionado, nas aldeias do interior, com a típica casa saloia e, à beira-mar, com as moradias apalaçadas, quase seculares, de que falei atrás. E o Guincho, nas faldas da serra de Sintra, já decididamente voltada para o Atlântico, é conjunto de praias a não perder.
Fig. 5 - A Praia Grande do Guincho (Serra de Sintra).
Ali, o areal e as dunas casam-se perfeitamente com os pinheiros: o mar, abre, aqui e além, nos rochedos cavernas majestosas - como a célebre Boca do Inferno, de visita obrigatória. A pequena vegetação - de tipo mediterrâneo! - é variada e linda. Pela ondulação forte, a praia grande do Guincho constitui local preferido para a prática de surf: mas são, neste momento, as suas excepcionais condições para o windsurf que a tornaram, nos últimos anos, mundialmente conhecida. Raro será o praticante europeu da modalidade que não tenha estado no Guincho ou não deseje lá ir.
Cascais: a sua história
Fig. 6 - O mapa da vila de Cascais.
A vestusta vila piscatória, de bonitos palacetes perscrutando o mar, teve habitantes desde as mais remotas eras. Por ali viveu o Homem paleolítico, como o atestam os vestígios líticos encontrados. Datam de há quatro mil anos as grutas que as gentes do Eneolítico utilizaram como necrópoles. Abundam os sinais da presença dos Romanos, escavadas algumas das villae identificadas: as inúmeras inscrições achadas falam de famílias importantes que por
aqui viveram, os deuses exóticos que adoraram, os nomes, que escolheram para os seus filhos. Fig. 7 - Património da vila de Cascais.
Alguns topónimos tiveram origem em nomes que remontam ao tempo em que os Árabes dominaram a região e nela desenvolveram as culturas hortícolas. Em Alcabideche nasceu Ibne Mucane, que legou a primeira referência literária à introdução na Europa dos moinhos de vento. Este poeta árabe é lembrado em singelo monumento colocado perto dos moinhos de vento, à saída da povoação a caminho do autódromo. Reconquistado o território aos Mouros, após a tomada de Lisboa (1147), os habitantes de Cascais dedicaram-se à actividade pesqueira. Aliás, o topónimo Cascais deve ter sido, a princípio, o plural de cascal, monte de cascas, numa clara alusão à enorme quantidade de moluscos em que o mar seria então abundante. Essa ligação ao mar valeu aos habitantes a possibilidade de verem ser-lhes favoravelmente concedido o privilégio, que pediram, de se autogovernarem, desligando-se da sujeição a Sintra: el-rei D. Pedro I concede-lhes, em 1364, foral de município. Contudo, só em 1370 tal concessão se torna efectiva, quando o rei D. Fernando doa o castelo a Gomes Lourenço de Avelar.
Fig. 8 - Baía de Cascais.
Daí por diante, descoberta a missão marítima de "dar novos mundos ao mundo", será Cascais a grande sentinela de Lisboa. A primeira terra que os navegadores avistam, quando regressados das longas e aventurosas viagens, demandam a capital do Império: a última que lhes acena despedidas quando, esperançados, partem à procura do ouro e dos escravos africanos, das especiarias orientais, do açúcar ou, mais tarde, do ouro do Brasil. Por isso, já ao tempo do rei D. Manuel I, em pleno século XVI, quando a expansão portuguesa atingia o seu auge, é das primeiras terras a ter farol, exactamente no local onde hoje se ergue o esbelto farol da Guia. É grande, pois, a importância estratégica da baía. Aqui desembarca, em 1580, o duque de Alba para ao serviço de Filipe 11 de Espanha, tomar Portugal. Durante o domínio filipino, na mira de trazer para Lisboa a corte que governa as duas monarquias, Frei Nicolau de Oliveira tece os mais rasgados elogios à amenidade do clima cascaense, à virtude das suas águas, à longevidade das suas gentes.
Fig. 9 - O Convento dos Capuchos (Sintra).
Frustado o sonho imperial hispânico, Cascaís participa activamente na tarefa da restauração da independência de Portugal: ao longo da sua costa constróem-se, a partir de 1640, inúmeras fortalezas - hoje adaptadas a variadas funções. O célebre terramoto que a 1 de Novembro de 1755, destruiu Lisboa também interrompeu, brutal, a prosperidade cascaense, reduzindo a escombros muitas das residências senhoriais, igrejas e conventos.
A Orla Marítima
Depois do aglomerado urbano e do seu movimento, torna-se imprescindível uma pequena volta pelo litoral, até às dunas do Guincho, já quase nas faldas da serra de Sintra.
Fig. 10 - A vegetação típica da Serra de Sintra (património natural).
O ar purificado pelos pinhais junta-se, aí, à frescura da brisa que vem do mar. E o visitante não sabe que mais apreciar; se a vastidão do pinheiral, a rivalizar com o azul imenso do Atlântico; se as minúsculas boninas a crescer por entre os campos de lapiás; se as caprichosas cavernas rasgadas na rocha pela impetuosidade das ondas. Mundialmente famosa, a Boca do Inferno: em dias de temporal, o espectáculo é deveras inesquecível. Mais adiante, a imponência do farol da Guia, de que já falei vigiando a falésia. Em Oitavos, há que subir à duna consolidada, impressionante "monumento" geológico, para apreciar a paisagem. Antes do outro farol - do cabo Raso - outras cavernas, devidamente assinaladas, o mar vai cavando incessante, a falésia. Depois, as dunas, a vegetação rasteira. A orla merece visita em todas as estações do ano: na Primavera, pela variada vegetação: no Verão, pelas praias bronzeadoras; no Outono, pela suavidade dos poentes; no Inverno pela grandiosidade do mar rijo.
Sintra: património da Humanidade
Fig. 11 - Mapa e localização da vila de Sintra (património da Humanidade).
Sintra - Vila e sede de concelho situada na vertente norte da serra do mesmo nome a 207 m de altitude e distante 30 km para oeste-noroeste de Lisboa, sua capital de distrito.
Cyntia, Xentria, Suntria (antigos nomes da vila de Sintra)
Fig. 12 - Retrato da antiga vila de Sintra.

Os achados arqueológicos da região atestam que Sintra era habitada desde a pré-história. Os celtas, os iberos, os romanos e os mouros sucederam-se na ocupação da velha "Cyntia" (lua) céltica. É com a ocupação árabe que a velha vila ("Xentra") atinge uma fase esplendorosa mas que não evita a queda, sem resistência, às mãos de D. Afonso Henriques em 1147, que havia já desbaratado a praça de Lisboa.

Fig. 13 - Castelo do Santo Graal - Património da Humanidade, mais conhecido por Palácio da Pena. (Por vontade do rei D. Fernando nasceu um dos mais belos castelos românticos do Mundo).
A vila é então confiada aos cavaleiros templários, na pessoa do grão-mestre Gualdim Pais. São os tempos da medieval "Sintria" ou "Suntria". De D. Dinis a D. Sebastião, passando por D. João I, D. Manuel, D. João III, Sintra é sinónimo de "Corte de Verão", de grandes caçadas reais, de festividades. Com a dinastia filipina chegou a decadência da vila que só volta a conhecer uma segunda era de fulgor a partir de 1775 e durante todo o século XIX. Burgueses, artistas, aristocratas demandaram Sintra, um refúgio idílico e místico, ideal para os jogos de amor, um escape para a visibilidade lisboeta.
Fig. 14 - Palácio da vila de Sintra.
A serra e a planície de Sintra foram habitadas desde os mais remotos tempos, como o atestam instrumentos pré-históricos, dólmenes e necrópoles. Aqui se instalaram também os Romanos. Ocupada pelos Muçulmanos, Sintra conheceu um período de grande esplendor, até que, após a queda de Lisboa, a sua guarnição se rendeu sem luta a D. Afonso Henriques, que em 1154, lhe concedeu o seu primeiro foral. A vila de Sintra foi sempre tida em grande apreço por parte dos reis de Portugal que aqui tiveram, salvo raras excepções, residências de Verão, o que justifica o esplendor de seus monumentos e as suas quintas.
Fig. 15 - Castelo dos Mouros (Sintra).
O concelho (323 km2), que se encontra cada vez mais ligado a Lisboa devido à proximidade e facilidade de acessos tem sofrido grandes transformações a nível populacional e a nível do seu tecido económico. Apesar da multiplicação de indústrias, dos movimentos pendulares diários efectuados por grande parte da sua população e do crescente consumo de espaço agrícola devorado por habitações e indústrias, continua o concelho a possuir assinalável sector agrícola devido aos incentivos de um mercado interno crescente e a proximidade da grande consumidora de géneros. Que é a cidade de Lisboa.

2 comentários:

  1. Já tive a opurtunidade de estar várias vezes no Estoril e Cascais e sempre que lá vou, penso que é das terras que mais identifica o nosso país.

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  2. Eu conheci Sintra, Lisboa. A Torre de Belém e concordo com a Heena que escreveu da identificação com o Brasil. Valeu.

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