Como enfrentar as mentiras das crianças

Quando as crianças mentem
É um dos problemas mais difíceis que os pais enfrentam e a que não é fácil responder. As mentiras são um problema com que todos os pais se defrontam. Não é fácil lidarmos com este problema enquanto pais. Eis, pois, alguns conselhos sobre como estimular os seus filhos a dizerem a verdade.
As acções contam mais do que as palavras.
A primeira coisa a ter em conta quando o filho mente é descobrir até que ponto a mentira é grave. As chamadas mentiras de conveniência podem ter pouco significado para os adultos. Mas para as crianças elas funcionam como mentiras a sério.
Respeite a privacidade do seu filho.
E provável que quando uma criança de 7 anos regressa de uma festa de anos responda de bom grado às perguntas da mãe sobre os meninos que lá estavam e os jogos que fizeram. Aos 14 anos, essa mesma criança pode responder de mau-humor, com evasivas ou mentir abertamente.
Uma das grandes tensões entre pais e filhos é provocada pela necessidade crescente que estes sentem de se tornarem independentes, e consequentemente mais reservados, e a necessidade oposta que os pais sentem de os proteger e orientar. Infelizmente, a maioria dos pais quase nunca reflecte sobre o que precisa de saber da vida dos filhos. Deveriam fazer uma lista mental que poderia incluir: saber por onde anda o filho durante os tempos livres, se fez o trabalho de casa, qual o seu comportamento na escola e quanto tempo passa diante do aparelho de televisão.
À medida que a criança vai crescendo, a lista pode ser alterada, de modo a contribuir para a sua independência. Depois de os pais decidirem aquilo que devem saber, podem convencer-se de que os filhos ainda têm zonas de privacidade. Há pais que pensam que o quarto é uma delas. Outros podem dizer aos filhos que as conversas telefónicas e as cartas são privadas. O que é importante é que os pais, em primeiro lugar, decidam aquilo que precisam de saber em cada idade e depois falem com o filho acerca disso.
Conheça os amigos dos seus filhos.
As investigações levam-nos a concluir que as crianças que mentem têm amigos que também o fazem. Quando os nossos filhos entram para a escola, fazem amizades que podemos não aprovar, mas que não podemos controlar. À medida que vão crescendo, essas amizades tornam-se muitas vezes mais importantes para eles que a ligação aos pais. Por esta razão, um pai deve saber quem são os amigos do filho e como é que eles ocupam o tempo livre que passam juntos. Estimule o seu filho a convidar os amigos para casa. Os pais têm o direito de dizer ao filho que discordam de determinadas amizades dele, mas apenas no caso de terem provas concretas do mau comportamento do amigo, se o apanham numa mentira ou a roubar. Prepare-se para enfrentar problemas quando o tentar separar dos maus amigos.
Uma abordagem possível é explicar por que motivo não concorda com a mentira ou com o comportamento anti-social e mostrar-lhe como os amigos têm esses comportamentos. Talvez possa levá-lo a arranjar novos amigos e actividades com uma mudança de escola. Lá para o fim da escola secundária, o seu filho será menos influenciado pelos amigos e a sua relação com ele poderá melhorar.
Adopte uma estratégia para lidar com a mentira.
Até mesmo os melhores pais podem apanhar o filho numa mentira. Como fazer frente a essa situação? Tentar obrigar a uma confissão é normalmente a pior táctica. Um pai que ameaça: «Vou telefonar aos pais da Susana para confirmar se o carro dela avariou mesmo» pode conseguir provar que a filha é mentirosa. Mas dá-lhe uma lição?
Mais do que procurar apanhar o filho numa mentira, os pais devem pensar naquilo que poderão fazer para que tal não volte a acontecer. Se a mentira é acerca da hora de entrada em casa, faça-lhe ver porque é que ela era importante e porque quer saber a verdade. Poderá dizer: «Não quero ouvir desculpas. Preocupo-me com a tua segurança, e por isso, se não chegares a casa a horas, deves telefonar.» Deve depois frisar que o facto de saber que pode acreditar na palavra dele é tão importante como saber onde se encontra.
Confie no seu filho.
O contributo mais importante que um pai pode dar no sentido de educar uma criança na verdade é desenvolver uma relação baseada na confiança. Uma criança, qualquer que seja a sua idade, sentir-se-á feliz e importante se os pais lhe demonstrarem frequentemente que confiam nela. No tribunal, um réu é inocente até prova em contrário. Mas nas nossas casas, um adolescente «réu» é muitas vezes considerado culpado logo à partida. Mesmo que uma criança seja apanhada numa mentira rematada, isso não pode significar que se deixa de confiar nela. Um pai pode dizer à criança que uma pequena mentira é desculpável. Mas tem de lhe fazer ver que, se continuar a mentir, tal como na história de Pedro e o lobo, vai acabar por fazer com que ninguém acredite nela.
Os pais devem sempre lembrar-se de que não há respostas fáceis para o problema da mentira, que é universal. Podemos dar um bom exemplo, permitir a privacidade, controlar as amizades, desenvolver a confiança, castigar o mau comportamento ... e mesmo assim descobrir que o filho nos mentiu. É por isto tudo que existe uma necessidade de confiança em ambas as partes da relação pais-filho. A mentira destrói a ligação e a intimidade. Por essa razão, os pais deverão sempre transmitir ao filho o sentimento de que ele lhes pode confiar a verdade. A confiança dos filhos pode ser um dado adquirido quando eles são pequenos, porém, à medida que crescem, tem de ser reconquistada.

3 comentários:

  1. Boa malha. Estudas psicologia infantil ou assim?

    Abraço

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  2. Ótima matéria.
    Eu que sou Mãe até guardei para leituras futuras.
    Criar um ser humano é uma verdadeira aventura e uma responsabilidade sem dimensão.

    Mas vale dizer:

    SER MÃE É COM CERTEZA A MAIOR REALIZAÇÃO QUE JÁ TIVE NA MINHA VIDA!!!!!!
    E AS ALEGRIAS SÃO DIÁRIAS...

    Abraço,

    Questionadora

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  3. Olá, são dicas muito importantes porque só quem tem crianças em casa é que sabe o trabalho que elas dão. Muita gente diz que não dá nehum trabalho porque querem encobrir os problemas dos filhos. Mas, com essas dicas torna-se muito bom e gostoso criar os nossos filhos maravilhosos.

    Abraços

    Francisco Castro

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