Aborto - Um final antecipado
O ABORTO: UM FINAL ANTECIPADO
O aborto é a interrupção da gravidez antes que o feto seja viável. Geralmente considera-se que o feto é viável a partir de mil gramas de peso e 28 semanas de gestação; mas, dado que hoje em dia alguns fetos de mil gramas conseguiram evoluir, este limite foi reduzido e fixou-se em 500 gra mas de peso e vinte semanas de gestão. Para já, devemos fazer a distinção entre os dois tipos de aborto existentes: o espontâneo e o induzido ou provocado, conhecido também como interrupção voluntária da gravidez.

Do ponto de vista da psicologia social, ambos os tipos de aborto são actos ou acontecimentos clínicos que arrastam uma série de valores sociais, psicossociais, éticos e morais, que da mesma forma que aconteceu em relação à aptidão psicobiológica da sexualidade, costumam gerar na mulher que os vive uma tensão e um desajuste emocional frequentemente desproporcionados com o facto em si, já que o aborto é um mecanismo natural que se activa como defesa da fisiologia feminina.
O ABORTO ESPONTÂNEO
Dez por cento do total das gestações acabam num aborto espontâneo. As causas directas do aborto podem ser ovulares ou maternas. As ovulares constituem cinquenta por cento de todos os abortos. Devem-se a defeitos dos pais ou das primeiras fases do desenvolvimento ovular. Na realidade, o aborto é um mecanismo de defesa do organismo em relação à patologia ovular. A maioria dos abortos devem se a alterações cromossómicas, envelhecimento do óvulo (esfemetorocides), idade dos pais, etc.. Também se atribui a possíveis alterações do desenvolvimento do ovo fecundado nas suas diversas fases de crescimento e adaptação.

Entre as materiais estão as causas exteriores orgânicas, responsáveis de que muitas mulheres tenham abortos de repetição: malformações congénitas, uterinas, tubáricas etc.. Existem também causas devidas basicamente à falta de estimulação e preparação suficiente do endométrio, que pela sua vez seriam devidas a transtornos produzidos na reacção das hormonas sexuais que controlam os processos menstruais. Além disso existem doenças gerais que podem causar o aborto: infecções, alterações orgânicas graves, diabetes, funcionamento alterado do ovário, etc .. Como agentes externos mais ou menos directos, podem citar-se as toxicómanas e as consequentes alterações físicas que causam os transtornos emocionais e psíquicos graves.
Não se pode deixar de mencionar neste ponto o chamado «aborto branco», denominado assim, porque ainda que se trate de um aborto espontâneo, é consequência de circunstâncias ou agentes externos prejudiciais ao processo de gravidez ou para o desenvolvimento do embrião. Geralmente estas circunstâncias costumam dar-se no âmbito laboral e relacionam-se com a manipulação de substância tóxicas, a existência de zonas irradiadas ou a possibilidade de uma alta concentração de agentes infecciosos. Nem todas as legislações contemplam a mudança de posto de trabalho para preservar a saúde da mulher grávida.
Como se apresenta um aborto

As formas de aparição do aborto são distintas segundo a fase de interrupção do processo de gestação em que se dê. Os primeiros sintomas que se apreciam costumam ser perdas de sangue pela vagina, que neste caso procedem do útero. Trata-se do início do processo ao qual pode seguir o aborto ou, pelo contrário, continuar a gravidez sem mais problemas. Mas se se acompanha de dor intermitente, pode tratar-se de um aborto em curso, no qual se produz uma dilatação do colo do útero e a expulsão do seu conteúdo. Se o processo de expulsão terminou fala-se de aborto consumado, que por sua vez pode ser completo ou incompleto, segundo se tenha expulso ou não todo o conteúdo. Pode acontecer que a gravidez se detenha na sua evolução mas que não se produza a expulsão do seu conteúdo; este é denominado aborto diferido.
Quando se produz um aborto
Segundo o momento da gravidez em que se produz o aborto fala-se em aborto precoce do primeiro trimestre, que pode ter lugar antes de finalizar esta época. O aborto do segundo trimestre, ou tardio, produz-se por alterações na resistência do colo uterino (incompetência cervical) ou por infecções ou patologia específica da gravidez. Os seus riscos são muito maiores que os riscos que apresenta o aborto do primeiro trimestre.
Além disso, existe o chamado aborto séptico, que é uma complicação do aborto que aparece causada por uma contaminação bacteriana e a consequente infecção intra-uterina; pode apresentar-se com os sintomas de uma infecção geral. Caracteriza-se por febre, geralmente superior a 38 °C, dor abdominal, metrorragia às vezes discreta e alteração importante do estado geral. Se não se procede à aplicação de um tratamento adequado pode acabar num quadro de choque séptico, uma das complicações mais graves, já que pode provocar a morte da mulher.
Como se desenvolve um aborto
Geralmente, o aborto inicia-se com peque nas perdas de sangue pela vagina que vão aumentando progressivamente nas próximas horas ou dias. Em determinadas ocasiões pode voltar atrás e a gravidez continua normalmente, mas em outros casos aumentam e são acompanhadas de dor. Uma ecografia mostrará sinais de falta de actividade e o final irremediável é o aborto espontâneo. Uma vez expulso o conteúdo do útero, é muito importante comprovar que não existem restos ovulares (aborto incompleto), senão será necessário praticar uma legração uterina.
O procedimento médico a seguir perante um aborto depende da fase em que se encontre. Perante a ameaça de aborto, se se verifica que a hemorragia é pouco intensa, que, através de uma ecografia, não existem sinais de detenção da gravidez e a hormona coriánica encontra-se num nível normal, o médico manterá a paciente em observação, recomendando repouso absoluto na cama. O tratamento hormonal não parece muito adequado, já que os seus efei tos reais são desconhecidos e existe a possibilidade de riscos para o feto. Mas, se se verifica que a gravidez parou ou que existe uma expulsão parcial do conteúdo do útero, deverá proceder-se à legração uterina.
A legração uterina
Deve fazer-se com os instrumentos e condições de asepsia adequados, e praticado por pessoal qualificado. Tos abortos produzidos durante o primeiro trimestre de gestação, actualmente usam-se dois procedimentos: a legração instrumental e a legração por aspiração.
A legração instrumental leva-se a cabo, prévia dilatação cervical do colo do útero, mediante as colheres clássicas com a ponta cortante mas cujo extremo é achatado.
Introduzidas no útero por via vaginal, pratica-se a legração. A legração por aspiração (às vezes conhecida como o método de Karman) faz-se introduzindo no útero umas cânulas metálicas ou de plástico, com umas aberturas adequadas que variam segundo o modelo e que vão conectadas a um aparelho de aspiração. Com a cânula arrasta-se e posteriormente aspira -se o conteúdo do útero. O procedimento pode ser levado a cabo com anestesia geral ou local.
Os riscos da legração são: a infecção, a perfuração e a legração incompleta. Em condições adequadas de asepsia, que são as únicas em que deve ser realizado um aborto, não deveriam apresentar-se em nenhum caso infecções. Mas, ainda assim para uma maior segurança devem receitar -se antibióticos. Não obstante, podem haver infecções secundárias por contaminação de restos do aborto na cavidade ao útero. Se não se tem cuidado com este aspecto, podem apresentar-se infecções graves e inclusive de choque séptico.
A perfuração é outro dos problemas graves possíveis. Esta costuma-se produzir ou ao tentar dilatar um colo muito fechado, ou por o útero estar flexionado, para a frente ou para trás, não seguindo o mesmo eixo que o colo uterino. Se a perfuração é detectada, não origina outro problema. Mas se passa despercebida e se continua a intervenção, além de não esvaziar totalmente o útero, podem-se provocar lesões traumáticas graves aos órgãos vizinhos da cavidade abdominal.
O aborto e o segundo trimestre de gestação

Se a gravidez já se encontra no segundo trimestre de gestação e se se produz o aborto este pode acontecer em um ou dois tempos. Se acontece num único tempo, produz-se a dilatação cervical com contracções uterinas, como se se tratasse de um parto, e uma vez dilatado o colo tem lugar a expulsão em bloco do feto, placenta e membranas. Quando nos encontramos perante a segunda possibilidade, num primeiro tempo expulsa-se o feto, e posterior mente a placenta. Nestes casos é frequente a retenção placentária, que pode obrigar à sua extracção digital ou através de legração.
Se se produz um aborto diferido (retido), há que proceder à indução prévia com umas substâncias denominadas prostaglandinas, que amolecem e dilatam o colo uterino, e conseguem um nível de contracções uterinas suficientes para a expulsão, a maior parte das vezes em bloco, do conteúdo do útero.
Os riscos do aborto do segundo trimestre são muito maiores do que os do trimestre anterior. O mais importante é a ruptura uterina, que se pode produzir com as prostaglandinas ou ao tentar dilatar o colo uterino. A perfuração é outro dos riscos possíveis, como o são principalmente a infecção, e a hemorragia, que pode adquirir níveis bastante consideráveis e de difícil solução.
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Eu não sou a favor do aborto, com excessão aos casos criticos de crianças sem encefalo ou que ofereçam risco de morte a mãe.
ResponderEliminarPara o resto existe camisinha e anti-cocepcional.