A adolescência e a toxicomania: overdose

Quem é o toxicómano
O fenómeno dos estupefacientes teve uma difusão no final da década de sessenta entre os pais dos adolescentes de hoje. Esta explosão incontrolada deu vida a um comércio ilegal perfeitamente organizado: os adolescentes são as primeiras vítimas.
Pais, médicos, juízes ou policias, todos dão a sua definição de toxicomania.
Para uns, a toxicomania implica o consumo regular de uma substância que dá dependência física ou psíquica. Para outros, não é senão o uso de substâncias proibidas por lei.
Os adolescentes diferenciam o toxicómano escravo da heroína do consumidor ocasional que fuma haxixe assim como outros tomam um whisky. Mesmo se esta distinção não está desprovida de fundamentos, ela é perigosa: sabe-se que todos os toxicómanos começaram como consumidores ocasionais, mesmo se, no fim, somente uma pequena parte dos consumidores de estupefacientes leves se torne um consumidor de drogas mais fortes.
Talvez porque os efeitos desagradáveis das primeiras experiências desanimaram muitos deles.
Quem se torna toxicómano
Nota: na imagem jovens dependentes apanhados numa favela do Rio de Janeiro.
A quase todos os adolescentes foram oferecidas drogas e mais de um em cada quatro admite as ter consumido em alguma ocasião.
o uso de drogas é considerado um ritual de iniciação, o fim da infância e a participação num novo grupo. Há ambientes e ocasiões em que parece impossível ao jovem se integrar nesse novo grupo se recusar a droga. O sabor da ilegalidade aumenta ainda mais o fascínio do ritual.
Mas por que alguns jovens resistem enquanto outros às vezes da mesma família, se tornam toxicómanos?
Não existe uma resposta única mas um conjunto de elementos, entre os quais:
--> predisposição individual, talvez genética, como foi ultimamente descoberto para o álcool;
--> fragilidade afectiva e psíquica;
--> intolerância à frustação, necessidade constante de uma satisfação imediata de todos os desejos;
--> falta de estímulos, de perspectivas, uma visão do futuro sem luz nem calor;
--> consumo frequente de cocaína ou de heroína, substâncias que podem dar dependência em poucos dias;
Desemprego, dificuldades económicas e problemas não são suficientes para explicar a toxicomania, mas aumentam a predisposição.
O caminho de um toxicómano
A dependência da droga não é vista pelo toxicómano como um suicídio ou uma fuga, mas como uma paixão amorosa, obsessiva, absoluta que toma conta completamente do espírito deixando de lado todo o resto. A droga é, ao mesmo tempo, pai, mãe, amante, esposa, a única companheira e o único compromisso, a imagem mesmo da vida.
Os sinais desta paixão que está a nascer podem chamar a atenção dos pais: mudança de atitude, de amigos e de interesses, vocabulário diferente, comunicação difícil ou interrompida, dificuldades na escola ou na prática desportiva.
Depois, eis a toxicomanis, um mundo no qual nada parece modificar os hábitos e o desejo de consumir drogas. A contínua necessidade de dinheiro leva a pequenos roubos em casa e, mais tarde, à criminalidade. Às interrupções no consumo, devido ao internamento em hospital ou por detenção na prisão, seguem-se as inevitáveis recaídas, até que um dia um acidente, uma doença, a SIDA ou uma overdose acabam com uma vida de sofrimento.
Às vezes no fundo da alma acende-se uma faísca, um sopro de vontade de viver longe da droga. É nesta altura, se o próprio toxicómano sentir a necessidade e não por desejo de quem está perto dele, que todos devem estar prontos a ajudá-lo: pais, familiares, médicos.
Um amor correspondido, um filho, um projecto profissional ou social pode tomar, aos poucos, o lugar antes ocupado pela droga.
Ter um filho toxicómano
Descobrir que o próprio filho consome drogas pode desencadear reacções diferentes. Alguns rejeitam o adolescente e o renegam, outros aceitam a situação e preferem tentar ajudá-lo. A maioria dos pais questionam-se e tentam encontrar uma resposta nos livros, nos jornais ou falando com um médico.
O jovem toxicómano rompe moralmente com a própria família, pois a sua nova família é a droga. Ter um filho toxicómano significa para os pais o peso da sua recusa sem ter o apo de estruturas especializadas que os ajudem a assumir a própria parte de responsabilidade sem inúteis complexos de culpa. E significa também:
--> continuar a demonstrar carinho ao filho toxicómano;
--> não permitir que a droga entre em casa;
--> deixar sempre aberta a porta para quando o filho precisar de ajuda.
Overdose
O termo "overdose" associa-se ao consumo de uma quantidade excessiva e potencialmente perigosa de substâncias estupefacientes. Trata-se de uma situação de extrema gravidade na qual as complicações ligadas à quantidade excessiva da substância estupefaciente se vão adicionar aos seus efeitos habituais ou então vão modificá-los.
O exame da vítima
Antes de mais ocorre avaliar as funções vitais: estado de consciência, respiração e circulação. Se a vítima está consciente ocorre interrogá-la para saber quais foram as substâncias que consumiu. A paciência devem conduzir a conversa: nem sempre é fácil confessar a própria toxicodependência a um estranho.
Na maior parte dos casos, porém, qualquer diálogo resulta impossível dado que a vítima já se encontra em estado de inconsciência ou está gravemente confusa. São então as pessoas que a conhecem que podem fornecer informações preciosas, baseando-se naquilo que sabem ou podem contar do comportamento da vítima nos minutos precedentes à indisposição. Quando a overdose se verifica durante um voo aéreo, pode pensar-se na hipótese da vítima ser um traficante de droga, que para efectuar o transporte ingeriu cápsulas de cauchu ou de plástico que contêm a substância ilegal. Se efectivamente uma destas cápsulas se rompe, a overdose intervém num intervalo de tempo de poucos minutos.
Quais são as substâncias perigosas?
Todas as substâncias psicoactivas podem ser perigosas se consumidas em doses superiores às habituais, porque todas actuam sobre o sistema nervoso central. Mas se o consumo excessivo de produtos derivados da cannabis e de ansiolíticos benzodiazepinícos não constituem um perigo sério para a vida, pelo contrário o abuso de alucinogénios, opiáceos derivados ou não da morfina, sedativos, excitantes como a cocaína ou as anfetaminas, antidepressivos etc., pode ser mortal. Os efeitos podem acentuar-se pelo consumo simultâneo de álcool e de estupefacientes.
Quais são os sintomas que se observam?
A nível respiratório, os alucinogénios e os excitantes compreendem prevalentemente uma ventilação rápida, enquanto que os derivados do ópio - morfina e heroína - abrandam a respiração ao máximo até à paragem respiratória.
A nível circulatório, os alucinogénios e os excitantes aumantam a pressão arterial, enquanto que os opiáceos e os sedativos a fazem diminuir até provocar um colapso cardiocirculatório. Em ambos os caos, porém, o pulso fica muito acelerado, quer pelo efeitoo da substância consumida, quer por reacção ao choque. Nos caos de sobredosagem de anfetaminas ou de cocaína observam-se muitas vezes perturbações do ritmo cardíaco.
A nível mental, as condições são muito variáveis, com perda de consciência rápida (sedativos, narcóticos) ou tardia (excitantes, alucinogénios).
Nalguns casos verifica-se um estado de coma, precedido por aluninações, delírio agudo, convulsões, espasmos musculares, perturbações do comportamento com manifestações de agressividade.
O que se pode fazer?
Enquanto se espera pelos socorros médicos - os únicos capazes de intervir de maneira resolutiva - ocorre manter em vida a vítima. Em caso de paragem cardiorespiratória pratica-se a respiração boca-a-boca associada à massagem cardíaca.
Em caso de abrandamento consistente do ritmo respiratório, pode praticar-se uma respiração boca-a-boca dita "de suporte", que prevê uma insuflação se a pausa respiratória espontânea supera os cinco segundos.
Em caso de coma sem descompensações cardíacas ou respiratórias significativas, a vítima deve ser colocada em posição lateral de segurança e mantida sob rigorosa vigilância.Em caso de estado de sopor, pode manter-se acordada a vítima o mais tempo possível estimulando-a e sobretudo favorecendo a concentração sobre a respiração, que deve ser ampla e profunda.
Se o indivíduo está agitado, ansioso, tem medo, a calma, o silêncio, o autocontrolo são importantes para evitar uma eventual reacção violenta.
No caso em que a pessoa esteja perfeitamente consciente e tenha consumido a substância estupefaciente por via oral é útil induzir o vómito.
Os métodos clássicos (estimulação da úvula, administração de café salgado) são geralmente suficientes.

1 comentário:

  1. Esse comnetário é super perfeito. Estava procurando uma coisa boa pra falar no meu trabalho e achei aqui. O melhor site de toxicomania. Adorei !

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