Saiba como defender-se de comentários agressivos e injustos

Frases que magoam: aprenda a defender-se
«És uma desgraça!»
«Ena, que vestido tão giro. Só foi pena não terem o teu tamanho.»
«Ouvi dizer que a tua filha arranjou finalmente emprego. Foi o pai que meteu uma cunha?»
«Por que perdes tempo a estudar piano? Nunca hás-de tocar como a tua mãe.»
«Estás com óptimo aspecto! Fizeste alguma operação plástica?»
Todos os dias somos atacados por comentários mesquinhos como estes, e a maior parte das vezes não estamos preparados para eles. E podemos ouvi-los em qualquer lugar: na estrada, em horas de ponta, quando as pessoas revelam as suas piores facetas, nas bichas, quando a paciência começa a esgotar-se, no trabalho e à mesa do jantar, nas situações em que as pessoas estão mais à vontade para serem rudes.
Há tantos tipos de observações antipáticas que se torna impossível catalogá-las a todas. Desde as críticas mordazes mais vulgares do dia-a-dia («Parabéns! Finalmente conseguiste!») até aos comentários que magoam tanto que nos deixam atordoados: «Como é que consegues ter um peito tão pequeno?» ou «Ah! Vejo que estás a fazer aquilo que melhor sabes - comer!». Depois há comentários tão insensíveis que são quase inacreditáveis. Por exemplo, quando um homem conseguiu arranjar coragem para dizer à mãe que a mulher o tinha deixado e a mãe ripostou: «Não sei como é que ela aguentou tanto tempo!»
Espera-se que as famílias sejam uma espécie de porto de abrigo do mundo que nos rodeia. Mas, de facto, os nossos parentes mais próximos são capazes de dizer coisas que nunca diriam fora do círculo familiar, com a desculpa: «Só te digo isto porque sou teu amigo.»
Por exemplo, o caso de uma mulher que se lembra de estar uma vez em frente ao espelho da casa de banho, quando tinha 12 anos, e de a mãe lhe ter dito: «Não te preocupes, filha. Se o teu nariz crescer mais, podemos fazer uma operação plástica.» Até então, nunca lhe passara pela cabeça que o seu nariz não fosse perfeito. Para muitas pessoas o comentário mais agressivo é o que é intencionalmente cruel e destrutivo, a observação sarcástica disfarçada, mais conhecida por «crítica construtiva» (que é tudo menos isso). Podemos reconhecer os especialistas deste tipo de crítica pela maneira como puxam a conversa. Utilizam normalmente expressões como «Espero que não te ofendas com a minha sinceridade» ou «Digo-te isto para o teu bem». Nesses casos, espera-se que admiremos a crítica pela sua franqueza e que apreciemos a preocupação demonstrada, enquanto tentamos recuperar da dor profunda que nos infligiram.
É muito fácil, ao defendermo­nos de insultos, ficarmos presos num ciclo vicioso de ataque e contra-ataque. Felizmente, há maneiras de virar o feitiço contra o feiticeiro e de preservar a nossa auto-estima. Da próxima vez que for vítima de observações malévolas, tente utilizar uma das seguintes estratégias:
1. Veja o que está por detrás do insulto.
Quem faz este tipo de críticas são normalmente pessoas que precisam de descarregar a sua amargura. Se não conseguir perceber o que está realmente a perturbar o crítico, pergunte-lhe, e lembre-se de que nem todas as críticas o têm realmente a si como alvo. Por isso, mantenha uma certa distância e veja qual é o verdadeiro motivo. A empregada do café não está a ser indelicada consigo só para o arreliar: provavelmente, na noite anterior, o namorado disse-lhe que já não gostava dela. O condutor que se enfia à sua frente não o faz propositadamente: tem pressa de chegar a casa, porque tem um filho doente. Deixe-o passar à frente, ajude-o a chegar a casa. Quando damos aos outros o benefício da dúvida, sentimo-nos mais calmos por o termos feito.
2. Analise a observação.
Divida um ataque nas diferentes partes que o constituem e responda apenas àquilo que ficou subentendido sem se armar em vítima. Por exemplo, a alguém que nos diz: «Se gostasses de mim, emagrecias», podemos responder: «Há quanto tempo pensas que não gosto de ti?» O segredo reside em analisar aquilo que foi dito e o que ficou por dizer antes de se deixar envolver emocionalmente. Se puder, não enfie a carapuça.
3. Enfrente o crítico.
Não é fácil fazer frente a insultos. Um truque a utilizar é ser directo, para, desse modo, neutralizar o comentário negativo com réplicas do tipo: «Há algum motivo para me quereres magoar?» ou «Tens consciência do que as outras pessoas podem pensar desse comentário?». Ou então pedir à pessoa que explique aquilo que disse: «Quero ter a certeza de que percebi bem o que disseste.» Quando os críticos compreendem que estamos a perceber onde é que eles querem chegar, deixam-nos em paz. Nada envergonha mais o maldizente que ser apanhado em flagrante.
4. Utilize o sentido de humor.
Uma vez, alguém disse a uma amiga minha: «Com que então uma saia nova! Parece mais tecido de forrar sofás.» A minha amiga respondeu: «Vá lá, vem sentar-te no meu colo.» Uma outra mulher contou-me a história da mãe dela, que dedicara toda a sua vida a manter sempre a casa imaculadamente limpa. Um dia, descobriu uma teia de aranha na cozinha da filha e perguntou: «Que é aquilo?» A filha troçou, dizendo: «E um projecto científico.» Brincar com as coisas é uma das melhores armas para fazer frente aos insultos. Uma resposta pronta desarma qualquer um.
5. Invente sinais.
Uma outra mulher contou-me o hábito que o marido tinha de a criticar apenas em público. Decidiu então andar sempre com uma pequena toa­ lha atrás, e quando ele dizia qual­ quer coisa que a magoava, punha­a na cabeça. O marido ficava tão embaraçado que deixou de fazer esse tipo de comentários. Outra família arranjou uma frase que tinha a mesma intenção. Certa vez, depois de um jantar de do­ mingo, um convidado fez o seguinte comentário: «Estava tudo uma maravilha! O frango hoje em dia, sai muito barato, não é verdade?» Agora, quando algum deles faz uma observação maldosa, há sempre um que diz: «O frango sai barato, não é verdade?» - e desatam a rir.
6. Afecte indiferença.
Devolva­lhes a música que lhe derem. Se a sua mulher comentar: «Querido, engordaste cerca de dez quilos, não foi?», responda-lhe: «Na verdade, foram quase doze.» E se ela insistir: «E não vais fazer nada?», diga, por exemplo: «Provavelmente não. Acho que vou ficar gordo por uns tempos.» Uma crítica só tem importância se lhe dermos importância. Se respondermos de forma indiferente, neutralizamo-la.
7. Ignore o insulto.
Analise o comentário, compreenda que não tem nada a ver consigo e não lhe dê importância. A capacidade de perdoar é uma das técnicas de sobrevivência mais importantes que podemos cultivar. Se não estiver preparado para agir deste modo, faça com que o seu interlocutor perceba que registou a observação, mas que não lhe vai responder. Da próxima vez que alguém o agredir, sacuda uma migalha imaginária da camisa. Quando a pessoa lhe perguntar o que está a fazer, diga: «Pensei que me tinha caído qualquer coisa em cima, mas devo ter-me enganado.» Quando os outros percebem que os topámos, passam a ser muito mais cuidadosos. Uma outra maneira é fingir-se desinteressado. Pisque os olhos, boceje e olhe para o lado com uma expressão de quem não está para se maçar. As pessoas detestam pensar que estão a ser maçadoras.
8. Utilize a técnica dos dez por cento.
Nunca ninguém será absolutamente capaz de deixar de se sentir atingido por algum comentário corrosivo. Tente aceitar alguns ataques verbais como a libertação normal de todas as frustrações com que somos confrontados. A maioria de nós tenta não magoar os outros, mas por vezes erramos. Por isso, defenda-se quando achar que é ocasião para isso, mas não deixe de ter em conta a solução dos dez por cento. Isto é: Dez por cento das vezes que compramos qualquer coisa, descobrimos depois que poderíamos ter comprado o mesmo artigo mais barato noutro sítio.
Dez por cento das vezes, algo que emprestámos a alguém é-nos devolvido danificado. Dez por cento das vezes, até o nosso melhor amigo pode dizer qual quer coisa impensada e depois arrepender-se. Por outras palavras, tente ser menos susceptível. Quase sempre, é mais fácil partir do princípio de que as pessoas estão a fazer o melhor que podem e que muitas não têm consciência do impacte que o seu comportamento pode ter. É muito mais difícil estar constantemente a defender-se, a tentar ter razão e a controlar-se. Tente perdoar e ganhará com isso muito mais que dez por cento. Buda respondeu uma vez a um homem que o atacara verbalmente: - Meu filho, se alguém recusasse um presente, a quem é que este pertenceria? O homem retorquiu: - A quem o oferecera. Pois bem - respondeu Buda -, não aceito o teu insulto. O Mundo está cheio de gente que pretende fazer-se valer rebaixando o próximo. Essa gente tem os bolsos cheios de comentários desagradáveis e distribui-os indistintamente por quem encontra. Recuse-se a aceitar esse tipo esse tipo de insultos, mesmo quando são proferidos sob a capa enganadora de uma demonstração de amor, pois, se os ignorar, reduzirá a tensão, fortalecerá o seu relacionamento com as pessoas e viverá bastante mais feliz.

7 comentários:

  1. Valeu a pena ler do começo ao fim !

    Sempre jogaram - ou melhor - lançaram contramim estestipos de críticas 'construtivas', ofensas, insultos.

    A vida vai nos moldando e nos ensinando que o melhor a se fazer mesmo é ignorar e se mostrar indiferente.

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  2. Ótimos conselhos. Adorei o post! Beijos e um ótimo final de semana.

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  3. Gostei do artigo ..mto bom ,pretendo levar algo cmg ^^ brigado

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  4. Preazadissimos confrades de tal blog.
    A tematica abordada em questão frisa, ferramentas de defesa a individuos com comentarios inescrupulosos e maledicentes. Não obstante, um texto que possui riquezas de detalhes, na arte do conviver com as divergencias de pensamentos. Pois, embora existem como diz o texto, comentarios de pessoas proxima de nós, de vossa convivencia ataques verbais e sarcamos com capa de bondade.
    A todos um forte abraço.
    Paz e luz.
    Fernando Henrique de Oliveira.'.

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  5. Preazadissimos confrades de tal blog.
    A tematica abordada em questão frisa, ferramentas de defesa a individuos com comentarios inescrupulosos e maledicentes. Não obstante, um texto que possui riquezas de detalhes, na arte do conviver com as divergencias de pensamentos. Pois, embora existem como diz o texto, comentarios de pessoas proxima de nós, de vossa convivencia ataques verbais e sarcamos com capa de bondade.
    A todos um forte abraço.
    Paz e luz.
    Fernando Henrique de Oliveira.'.

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  6. A amizade e como jardim saber cuidar nunca terar fim

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  7. Caramba, foi muito bom ter lido isso, eu sou uma dessas pessoas que costumam ficar calado ao receber uma crítica. Agora depois de ler já sei o que fazer, essa do Buda foi sensacional, e essa de tirar uma migalha na camisa irei usar muito, a de ironizar a crítica então sempre que possível vou usar demais. Vou deixar a crítica da pessoa de uma forma tão ridícula que a pessoa certamente ficará muito sem graça.

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